12/06/2009

Educação, a história de sempre

Por Mauricio Campos de Menezes

E a história se repete. É sempre a mesma coisa. Entra ano e sai ano, entra governo e sai governo e os discursos em torno da educação continuam os mesmos. Nada muda, ou melhor, muda sim, os indicados e os apadrinhados para ocuparem cargos num dos segmentos públicos que deveria ser objeto de um processo seletivo criterioso, mas que nem sempre acontece.

Na prática, isto é fato costumeiro a longa data nos três níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal onde prevalece, tão somente, à preocupação com quem vai para qual lugar estratégico do governo para que as benesses possam atender aos interesses politiqueiros e pessoais. São poucos os mandatários do poder público que se preocupam em indicar a pessoa certa para o lugar certo, com a devida competência que o cargo exige. É uma minoria, infelizmente.

E o que isso nos revela? A leitura que se faz é que o mandatário principal está tão somente preocupado em ocupar as vagas comprometidas nos conchavos para ganhar a eleição e nada mais. Demonstra pouco ou quase nenhum interesse na melhoria do serviço de deverá prestar à comunidade que o elegeu. É como se dissesse: “não esperem muito de mim, pois não devo respeito a vocês”.

E o pior, conta com a complacência daqueles que, de direito e de fato, deveriam fiscalizar e cobrar uma postura mais positiva do executivo, em nome da população que os elegeu e para o bem da comunidade que representa, pois, afinal, estão lá para exercerem este papel.

A rigor, o que se constata na gestão da educação pública, em alguns casos, são pessoas despreparadas para estarem à frente das diversas estruturas hierárquicas e para darem conta das responsabilidades que lhes são atribuídas. Surpreende-me saber que até existem casos de boa formação e conhecimento pessoal compatível, mas suas ações são respaldadas em pontos de vistas obtusos.

Suas óticas, geralmente míopes, estão distantes das exigências atuais da educação. Normalmente estão “sentadas” sobre as suas verdades, antigas, ultrapassadas e desfocadas das necessidades da educação de hoje e do amanhã. Não admitem contribuições, não aceitam mudanças, não inovam e o resultado da sua gestão é pífio, mas contribui para que os índices das estatísticas de avaliação do ensino se mostrem negativos, abaixo da crítica, deploráveis.

Ora, não adianta jogar sobre os ombros dos professores a responsabilidade pelo alcance dos resultados, se aqueles(as) que respondem pelo “pensar a educação”, nos seus diversos níveis hierárquicos, não conseguem ter a visão profissional necessária, não tem a capacidade profissional à altura dos cargos que estão ocupando.

A educação exige pessoas dinâmicas, que tenham visão para o amanhã, que ousem em mudanças consistentes e coerentes, que se comprometam em melhorar o que não está bom e que se mexam para buscarem sempre a excelência. Enfim, que saiam do comodismo e do “mesmismo”. Agora, não é simplesmente trocando de professor que teremos a melhoria do sistema educacional vigente. Se necessário troque, mas primeiro avalie de que lado está o gargalo da situação.

O que se espera é que haja coragem e vontade de mudar as coisas. Temos vários exemplos a serem seguidos. Exemplos de escolas que alcançaram resultados expressivos de seus alunos e por isso se encontram numa ilha de excelência e aplaudidas por todos, justamente por terem deixado de lado as orientações descabidas desses dirigentes superiores de pouca visão ou por terem, de maneira inteligente, encontrado caminhos alternativos.

O que se deseja e se exige é que seja feita uma avaliação dos gestores e dirigentes públicos que estão à frente dos diversos setores responsáveis pelo futuro da educação em nossas comunidades.

E como se faz isso? Primeiro, dando-lhes objetivos claros, coerentes e factíveis sobre o que se deseja. Em Planejamento Estratégico aprende-se sobre a importância dos objetivos, da visão e da missão que uma estrutura organizacional deva ter para alcançar o sucesso. E na gestão da educação não é diferente. A título de exemplo poder-se-ia pensar em:“Ter o melhor índice de desempenho educacional do estado” ou “Ter o melhor modelo de educação do estado”, o que já seria um ponto de partida.

Depois, capacitar esses dirigentes/gestores, avaliar as suas ações, monitorar os seus resultados (sem maquiá-los) para então, sem o menor constrangimento, afastar aqueles que não se enquadraram e não contribuíram para a melhoria da educação em suas comunidades ou cujas metas não conseguiram alcançar. Agora, tudo isto com bastante profissionalismo e ética profissional. Mas e aí, a politicagem deixará que isto aconteça...???!!!

Verba para a educação não falta. O que falta é vontade de mudança, honestidade e compromisso. O que falta é bem aplicar os recursos destinados e dele tirar o melhor proveito. O que falta é o respeito para com o dinheiro público. O que falta é ação e convergência de boas idéias, pois, isoladamente, nada se constrói. E na educação educadores, dirigentes e gestores públicos devem ter o mesmo objetivo... pois, se não, quem pagará a conta é o aluno.

Será que verei algum dia isto acontecer?!... Enquanto não acontece, só me resta ouvir a história de sempre: “No meu governo, a educação terá prioridade, eu... blá blá blá blá blá blá blá blá blá. “

Mauricio Campos de Menezes – Professor Universitário, desde 1984, Especialista – Diretor do CENAEMP – Rondonópolis - MT - e-mail:mauriciocmenezes@uol.com.br - jun/2009

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